Amanhecia mais um dia na área 51 do nada pacato planeta
Zion, e, como já era de se esperar de um planeta com clima controlado, a
estrela Zion brilhava forte no céu azulado. Blacky, como de costume, precisava
viajar para visitar alguns fornecedores de Fireburn pela galáxia. A bordo de
sua pequena nave classe Eagle de viagens interplanetárias, abria mais uma
cerveja enquanto terminava de revisar o plano de voo.
- Ainda preciso descobrir o que significa o raio desta
luzinha vermelha que está piscando desde minha última viagem... – disse ele
olhando fixamente para o painel.
Terminado os últimos ajustes, a pequena nave levanta voo
rumo a principal rota comercial da galáxia, onde levaria o ex-príncipe zioniano
para os quatro cantos da galáxia para convencer os fornecedores que sua cerveja
era mais gelada que a do vizinho.
- Quatro crivos de distância e eu não tenho tempo nem para
tirar uma soneca... - disse ele muito
entediado, e ligando a pequena Tri-D no painel – Esta novela idiota, não
entendo como podem fazer 12 anos que lidera a audiência deste horário...
Na tela, a imagem de um rapaz deitado em uma maca sendo
levado as pressas para o setor cirúrgico de um hospital qualquer aparecia um
pouco distorcida. Uma moça com longos cabelos negros e cacheados chorava
incessantemente enquanto era segurada por outras duas moças, que presumia
Blacky, deveriam ser parentes suas. Logo o rapaz já estava sendo operado por
uma série de bots cirúrgicos que costuravam seu abdômen que parecia ter sido
perfurado por uma lâmina nem um pouco amigável. Em meio a este pequeno momento
de distração, e a pouco menos de um crivo e meio da rota comercial, um grande
estrondo ecoou pela pequena ponte de comando da nave de Blacky. Algumas luzes
começaram a piscar indicando que a nave havia sido pega por algum raio trator
sem aviso prévio.
- Mas o que diabos esta acontecendo? – exclamou Blacky
- Nada demais, pequeno zioniano! – disse uma voz que vinha
do painel, o qual exibia a imagem de um rapaz vestindo uma capa preta – Eu sou
O Pirata, o mais temido de todos os piratas espaciais, e estou pegando sua nave
para mim, e consequentemente, lhe raptando, mas não leve pelo lado pessoal, eu
queria só a nave mesmo.
- Me raptando? – disse Blacky muito surpreso
- Não sei em qual parte não fui bem claro, meu amigo, mas
sim, é isto mesmo que estou fazendo – disse o Pirata.
- Mas você não tem permissão para me raptar! – disse Blacky
um tanto indignado – Eu sou...
- Quem você é não me interessa, afinal, quando eu rapto as
pessoas, eu não costumo ter permissão para isto! – disse o Pirata – Agora se me
dá licença, El Bandidon deve aparecer para terminar o serviço em Juan Gabriel a
qualquer instante!
Dito isto, a imagem do pirata desapareceu da tela, e Blacky
pode perceber que já havia sido carregado totalmente para a imensa nave pirata.
Logo o compartimento de carga havia sido pressurizado e uma dezena de bots,
fortemente armados, esperavam pela saída de Blacky de dentro de sua nave. Blacky,
por sua vez, muito contrariado, desceu da nave e foi guiado pelos bots até a
ponte de comando da nave, onde o Pirata o esperava com um sorriso um tanto
misterioso no rosto.
- Você me parece um pouco tenso, zioniano, nunca foi roubado
antes? – perguntou o pirata tragando calmamente seu charuto – Mas eu tenho boas
notícias para você, eu posso te dar emprego em minha nave, ou você pode descer
aqui mesmo, no meio do espaço, o que prefere?
- Bem, levando por este ponto – disse Blacky coçando sua
barba que teimava em crescer mais de um lado do que do outro de seu rosto – eu
acho que preciso pensar um pouco...
Terminado de dizer isto, um novo estrondo foi ouvido e um
forte tremor foi sentido por todos na ponte de comando.
- Fomos atingidos por alguma coisa que não sei lhe informar
o que, senhor! – exclamou um dos tripulantes.
- Então trate de revidar logo, seu imbecil! – gritou o
pirata muito bravo.
- Eu não faria isto! – disse uma terceira voz que vinha do
painel da nave pirata – O próximo disparo será fatal!
- E quem você pensa que é para dar ordens ao grande Pirata? –
disse o pirata muito bravo – Ninguém me dá ordens!
- Sou o sargento Drake, do terceiro batalhão de patrulha de
Alderaan, e gostaria de te informar que estou levando você e todos seus
tripulantes sob custódia para julgamento da acusação de pirataria espacial!
- Então primeiro você precisa me capturar! – disse o Pirata
sentando em sua poltrona e assumindo os controles da nave.
Blacky, muito confuso, apenas correu para um canto e se
segurou firmemente em um trecho do painel de comando. A grande nave, que
viajava parelha da nave Alderaani, em um giro de 90º acionou seus propulsores
de forma que o campo de mira da nave Alderaani não pudesse lhe atingir
diretamente. Sem perder tempo, a nave de Drake fez o mesmo movimento e começou
a manobrar para travar a mira na nave pirata, a qual, percebendo que estava
sendo perseguida de perto, começou algumas manobras evasivas, as quais não
surtiram o efeito esperado, pois uma série de disparos atingiram em cheio a
nave fazendo o cérebro de todos sacudir tão violentamente que seus rins já
estavam prestes a dançar tango sob ordens cerebrais.
- Sintam o poder bélico Alderaani, seus ratos! – disse Drake
muito feliz por ter acertado a nave inimiga tão efetivamente.
Para a surpresa do sargento, a nave, em um outro giro,
acionou novamente seus propulsores e aumentou consideravelmente sua velocidade.
A nave Alderaani começou a segui-la, atingindo-a constantemente com disparos
quase aleatórios. Em pouco tempo as duas naves dividiam espaço no hiperespaço,
seguindo tão juntas que uma simples redução de velocidade da nave pirata faria
com que ambas as naves se transformassem em um grande e nada delicioso pastel
de ferraria espacial.
- Para onde estamos indo? – exclamou Blacky dentro da ponte
de comando da nave pirata.
- Não tenho ideia, cara! – disse o Pirata – Mas sei que
aquele rato não vai me pegar assim tão facilmente!
Naquele instante os comandos da nave pirata começaram a
pifar sistematicamente, fazendo com que a nave, lentamente começasse a sair do
hiperespaço. Devido aos escudos defletores da nave pirata, a nave alderaani
havia sofrido uma série de avarias, das quais três ou quatro pareciam bastante
preocupantes. Em poucos instantes as naves estava paradas, frente a frente, ameaçadoramente
sob a mira uma da outra.
- Você não vai me levar a lugar algum! – exclamou o pirata
para o comunicador.
- Você tem razão, pirata! – disse o sargento – No estado que
nossas naves se encontram, o melhor que tenho a fazer é destruir sua nave e
usar o entulho para consertar a minha!
- Então vamos ver qual escudo aguenta por mais tempo! –
exclamou o Pirata.
Sob os constantes protestos de Blacky, o pirata acionou os
canhões de fótons de sua nave que começaram a tentar furar o bloqueio
adversário. Sem ficar para trás, a nave alderaani disparou uma rajada de
qualquer coisa vermelha e muito ameaçadora na direção da nave pirata, que
resistia bravamente às investidas do sargento.
Em alguns instantes ambas naves estava sob bombardeio direto
da nave inimiga, e ambas estavam a ponto de explodir.
- Precisamos dar o fora daqui! – exclamou Blacky – Se esta
droga explodir nós vamos morrer!
- Então vamos pegar sua nave e dar o fora! – disse o Pirata –
Você sabe pilotar aquela coisa melhor que eu, então vai me dar uma carona!
Os dois correram até o setor de carga onde a pequena nave
eagle repousava calmamente. Ambos entraram na nave que, logo começava a
manobrar para fora da grande e destroçada nave pirata.
- Vamos para onde, zioniano? – perguntou o pirata – Tens ideia
de onde estamos?
- Aqui parece ser o setor quase deserto conhecido como
via-lactea, mas não tenho muita certeza disto! – respondeu Blacky – Vou até
este planeta habitado, que parece ser o único desta região, para ver se
conseguimos uma nave para você!
Neste momento o sensor de proximidade acusa outra pequena
nave se aproximando e atirando incessantemente na direção da pequena nave eagle.
Blacky, por sua vez, desviava facilmente por entre as rajadas de tiros.
- Entreguem-se, piratas! – disse o sargento pelo
comunicador.
As duas pequenas naves rumavam para o pequeno planeta
azulado que, segundo indicações cartográficas, parecia ser habitado. Blacky
desviava das investidas do sargento com uma habilidade notória, revidando
alguns tiros de vez em quando. Logo as duas naves estavam próximas o bastante
da órbita do planeta para ligar os motores atmosféricos. É quando em uma
manobra mal sucedida da pequena nave Alderaani, Blacky acerta uma rajada de
fótons bem no centro dos propulsores primários. A pequena nave, devido o
disparo, rumou em disparada em direção à atmosfera do planeta, seguida de perto
pela pequena nave de Blacky. A nave descia em parafuso e, ao que tudo indicava,
faria um belo e grandioso buraco ao atingir o solo.
- O que você pensa que está fazendo? – disse o pirata vendo
que Blacky tentava alinhar sua nave no trajeto da nave adversária.
- Estou impedindo que este sargento vire geleia enlatada! –
respondeu ele.
Logo um poderoso raio trator fez com que ambas as naves
colassem uma na outra, e, com grande esforço dos motores atmosféricos da
pequena nave zioniana, iniciassem um pouso um pouco mais tranquilo do que o
esperado, porém muito mais conturbado do que o desejado.