segunda-feira, 25 de agosto de 2014

The Project Horizon - Introdução

Em uma época conturbada na história do Universo, onde cruzadores galácticos ainda utilizavam o hiperespaço para encurtar sua viagem, uma imensa guerra se expandia pelo Universo até então mapeado, vitimando centenas de milhares de civis e militares por ano. Em meio a este caos, duas grandes potências deixavam de lado suas diferenças e uniam forças em prol de um único objetivo em comum: O total controle econômico e militar sobre todo o universo conhecido, e ainda por conhecer.
Alderaan de Touro, ou a estrela de batalha, como era conhecida - e temida - por seus inimigos, dominava a tecnologia de material bélico, deixando para trás até mesmo os mísseis de raios gama de Sirius, do Cão Maior, e os famosos ultra-sonares-plasmáticos de Alpherats de Andrômeda. Liderados pelo imperador Blase III, Alderaan expandia seu domínio com base em sangue e destruição, colonizando todos planetas ao arredor de sua estrela. Muito acreditava que Blase era um imperador imortal, muito difundido entre os guerreiros por histórias de batalhas. Alguns diziam que o imperador jamais fora ferido em batalha, enquanto outros diziam que mesmo com os ferimentos, seu governante jamais caíra perante um inimigo. Todas estas lendas, difundidas nos 4 cantos da galáxia, tornaram Alderaan temida pela maioria dos impérios da galáxia.
Zion de Aries, o império tecnológico, ganhava força desde que dominara sua antiga estrela capital, Hamal. A família real não possuía um governante imortal, muito menos dominava muitos de seus planetas próximos. Zion era conhecido pelo seu domínio em veículos interestelares, e até intergalácticos, onde detinha a maior fatia do mercado da galáxia. Sua força militar era precária em poder bélico ou em quantidade de soldados, mas seus cruzadores de batalha eram rápidos e muito resistentes. Mesmo em guerra com a estrela de batalha, Zion sobreviveu soberano em boa parte dos confrontos, tornando-se assim o inimigo número um da estrela-capital de Touro.
Com a união dos dois grandes impérios, algumas outras potências da galáxia, temendo perder o pouco espaço que mantinham, decidiram se unir contra a eminente ameaça, formando a Aliança Galáctica, poderosa e temida pelos poucos que decidiram se manterem neutros da grande guerra.

Sírius, a estrela capital de Cão Maior, um grande império tecnológico, muito conhecido pelas suas pesquisas biomecânicas e nano-tecnológicas, fechou um acordo após séculos de conflitos, com uma de suas maiores rivais, o Reino Eterno de Alpherats, estrela capital de Andrômeda e principal líder entre as constelações de Lupus, Monoceros e a temida Órion, conhecida por seus cruéis ataques para expandir seus territórios.
A união de Zion e Alderaan resultou em inúmeros confrontos com a Aliança Galáctica, o que geralmente trazia grandes prejuízos para sistemas menores. Estes sistemas, liderados por Leör O Justo, de Zubenelgenubi, estrela capital de Libra, juntaram forças para se opor à guerra, formando assim a Resistência de Luah, em homenagem ao antigo povo à quem era atribuída a criação de todo o Universo.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Capítulo 2 - Episódio 2

Algumas semanas se passaram desde a fatídica aterrissagem de nossos personagens no planeta Terra. Após muitos protestos de Blacky, todos já haviam se acostumado com as corriqueiras refeições elaboradas por Ghostface, o qual à esta altura, já adquirira uma certa habilidade em capturar pombos para o jantar.
Ao lado de sua habitual pilha de ossos, Mussum tentava adentrar no mundo dos sonhos enquanto os quatro terminavam sua ceia:
- Estou dizendo para vocês que para conseguirmos decolar vamos precisar de mais do que alguns litros de combustível fóssil – disse Blacky largando um pedaço de coxa de pombo de lado – Tem certeza que não conseguimos encontrar um acelerador de partículas subatômicas para substituir da minha nave?
- Eu já lhe disse que aquele acelerado me parece em perfeitas condições, cara! – Protestou Ghostface – E neste planeta você não conseguirá encontrar nenhum acelerador de partículas menos do que um caminhão.
- Eu já acho que o problema está no ativador do câmbio por energia cinética! – disse o Pirata – Aquilo está com uma aparência terrível!
- O ativador biomecânico está intacto – disse Drake devorando mais um pedaço de pombo – Talvez se colocássemos mais alguns torpedos de fótons aquela banheira fique mais legal.
- Estamos tentando fazer a nave voar, não explodir, Drake! – disse Blacky.
Mussum parecia concordar um pouco com a opinião de Blacky, mas não conseguia conceber a ideia de que o micro acelerador de partículas deveria ser posto em série com a alimentação dos motores secundários. Mussum soltou um suspiro e se preparava para tentar dormir quando um barulho um tanto estranho lhe chamou a atenção. Não muito longe dali alguma coisa acabara de adentrar a atmosfera do planeta em uma velocidade incrível, e Mussum bem sabia que aquilo estava começando a ficar estranho demais. Logo ele se levantou, e com movimentos milimetricamente calculados de seu rabo, e com uma escolha perfeita de tons, tentou avisar os outros do que acabara de ouvir, em uma – não tanto – incrível harmonia em Lá menor.
- Mussum, o que você tanto late? – indagou o Pirata.
- Ele está tentando dizer algo sobre um elefante gigante caindo do céu! -  exclamou Drake
- E o que um elefante estaria fazendo caindo do céu a esta hora da noite? – perguntou Blacky
- Eu não saberia responder isto, mas acho que aquela luz no horizonte não estava lá agora a pouco. – disse Ghostface com o dedo apontando a janela ao fundo do galpão.
Uma imensa luz branca cortava o horizonte em uma dança bastante peculiar, como se estivesse procurando o melhor lugar para se atirar contra o solo. A música de fundo, por sua vez, não era nem de longe algo agradável para se ouvir em uma apresentação de dança, e como Mussum logo pôde contatar, não era algo agradável de se ouvir nem no fim do Universo.
- Deve ser meu pessoal me procurando! – exclamou o Pirata – Eu sabia que aqueles energúmenos não me deixariam na mão!

Não muito distante dali, um jovem parecia bastante contrariado e confuso ao ver sua sombra aumentar de tamanho consideravelmente a sua frente, quando deveria se recolher e pular para o outro lado, como de costume quando atravessava mais um poste de luz. Logo ele percebeu que algo estava errado e decidiu se virar para ver, mas era tarde demais. Uma grandiosa luz desceu do céu em sua direção. Em meio a uma indecisão entre correr, ficar parado ou gritar por socorro, a luz chegou ao seu encontro, e como em um passe de mágica desapareceu instantaneamente. Em sua frente, algo pequeno e brilhante parecia querer lhe chamar a atenção a todo o custo. Ele se aproximou e pode ver uma pequena pedra semitransparente caída no chão, onde uma fraca luz ainda pulsava no seu interior. Em um movimento não muito preciso, ele se abaixou e pegou o pequeno cristal.
- Esta droga está me deixando maluco! – exclamou ele enquanto arremessava para longe a garrafa de vodca que vinha carregando.



domingo, 10 de agosto de 2014

Capítulo 2 - Episódio 1

Uma fina chuva caía nesta fria noite de inverno, e as pessoas já começavam a trancar suas portas e preparar-se para adentrar no mundo dos sonhos. Pelas ruas não muito mais que alguns animais tentavam se proteger da água gelada que caía do céu. Ao longe uma sombra brincava indo para frente e para trás de um jovem rapaz enquanto ele passava entre os postes de luz. Em sua mão direita uma pequena garrafa servia de palco para a dança, não muito sincronizada, de um líquido semitransparente, o qual era levado a boca de tempos em tempos pelo rapaz. Alguns veículos passavam naquela rua deserta, sem dar muita importância para a sinalização de trânsito, ou mesmo para as poças de água que se formavam próximas à calçada – o que parecia estar incomodando um bocado o rapaz quando a água respingava seu nada seco sobretudo preto.
Segundo consta no livro “As verdades incontestáveis do Universo” de Jeremiah Gostlorbisht - autor de clássicos da literatura de Andrômeda 7: “Coisas que você não deveria fazer em dias de chuva”, “Como se recuperar após fazer coisas que não se deve em dias de chuva” e “As melhores vestimentas para funerais em dias de chuva” – nada nesta vida acontece por acaso. Não muito distante do planetoide onde nossos heróis parecem um tanto perdidos, duas naves classe Jumbo parecem competir pelo título de “melhor arremesso de torpedo de fótons da galáxia”. De um lado uma grandiosa K733 da tropa de Sirius parece uma bailarina bêbada saltitando no meio do palco, enquanto do outro lado, uma Falcon 8 da tropa de Alderaan atira um torpedo de fótons atrás do outro.
- Devolvam o artefato! – berrou o comandante Alderaaniano no intercomunicador – Ele é perigoso demais para ficar na mão de gente como vocês!
Sem resposta.
- Estou avisando, nós temos munição para ficar aqui por semanas! – disse o comandante quase espumando pela boca.
A nave de Sirius parecia se divertir agilmente por entre as rajadas da investida inimiga. Em um movimento ousado, a nave Aderaaniana tentou uma aproximação para tentar travar a mira de seus canhões, o que abriu uma pequena brecha em sua defesa, o que a nave de Sirius não só percebeu, como não deixou escapar a chance para contra-atacar.
Uma rajada verde-azulada cortou o espaço, transformando em pó tudo que via pela sua frente, até atingir a lateral da nave de Alderaan com uma força tão grande que a mesma precisou de toda a potência de seus motores para não ficar girando eternamente no mesmo lugar. Não satisfeita com um pequeno rombo de cerca de 50 metros no casco da nave inimiga, em um giro perfeito sobre o próprio eixo, a nave Falcon lançou sua própria investida de torpedos contra a K733. A batalha parecia ter sido decidida naquele momento, porém antes que a Falcon pudesse ter qualquer reação, uma rajada incrivelmente grande de qualquer coisa que um habitante de Sirius algum dia já viu atingiu em cheio a nave Falcon. Em menos de cinco segundos não havia mais do que algumas partículas de poeira cósmica onde antes estava a nave de Sirius. Na nave Alderaaniana o comandante comemorava com uma modesta garrafa de cerveja:
- Se nós não podemos ter o artefato ninguém mais poderá! – disse ele tomando um generoso gole de uma cerveja azul – Nada sobrevive ao disparo de “propaganda”!
Nos primórdios da galáxia, quando poucas eram as nações que possuíam tecnologia suficiente para viajar pelo espaço, um povo dotado de grandes poderes dominava o universo. Eram conhecidos apenas como os Luah, sempre referenciado como os enviados de deus. Seu poder era feito da mais pura e brilhante luz e muitos atribuem à estas criaturas a existência das estrelas como obra de sua grandeza. Bastante preocupados com o equilíbrio de poder no universo, estas criaturas decidiram guardar parte desta sua luz em um artefato e escondê-lo para que jamais alguém pudesse ter acesso à tamanho poder. Então foi criado o cristal conhecido por Alma do Universo, um pingente em forma de cristal de luz, o qual foi enviado ao mais longínquo canto do Universo para que ficasse a salvo de pessoas com intenções das mais diversas.
Com o tempo isto se tornou apenas uma lenda, e estas criaturas nunca mais foram vistas, se tornando assim apenas uma historia contada para as crianças na hora de dormir. O artefato nunca mais foi visto, até que à cerca de 300 mil anos, uma criatura dotada da mais profunda escuridão o encontrou e o utilizou para criar uma estrela, a qual foi nomeada de “Zion”.


terça-feira, 23 de julho de 2013

Episódio 5 - Final do Capítulo 1

Nosso aventureiro perdido na terra parecia muito feliz nesta fria noite de inverno. Ao seu lado, Mussum parecia muito satisfeito roendo um generoso osso de algum animal voador de porte pequeno. O espaço ao redor dos dois estava repleto de pequenos ossos, mas ambos não pareciam se importar muito com isto.
- Engraçado como os habitantes deste lugar cultivam este animal, Mussum! – disse ele, levantando a cabeça para conversar com seu cachorro – Eles alimentam este bicho durante todo o dia, em praças e locais assim, atirando comida no chão. Só não entendo porque ficaram bravos quando aproveitei para capturar estes aqui!
O cachorro olhava fixamente para seu dono, com uma expressão de que acompanhava cada palavra do que lhe era dito. Qualquer um que estivesse assistindo naquele momento juraria que a reação do cachorro foi totalmente racional com a conversa, reação esta compartilhada por nosso aventureiro quando o cachorro soltou um grunhido em sua direção.
- Eu não havia pensado nisto, Mussum... – disse ele coçando a cabeça – Vai ver era a janta deles mesmo...
Neste momento um enorme estrondo fez com que tanto Mussum quanto seu dono dessem um salto de seus lugares. Uma luz bastante estranha parecia estar se perdendo na janela ao fundo do pequeno galpão. O cachorro estava agora em pé com as orelhas voltadas na direção da porta, pronto para atacar qualquer coisa que ultrapassasse o limite de seu território.
- Vamos ver o que está acontecendo, Mussum! – disse ele correndo na direção da porta.
Chegando na rua, pode ver, a cerca de 10 metros do galpão, duas naves espatifadas dentro de um enorme buraco. As naves ainda pegavam fogo quando o viajante percebeu a imagem de três criaturas saindo das naves. Muito apreensivo – e já contando com uma provável carona – ele começa a se aproximar lentamente das naves. Reação esta nem um pouco aprovada por seu cachorro, que permanecia junto à porta, muito apreensivo.
- Olá, viajantes! – disse ele – O que traz vocês à este buraco de planeta?
Os três viajantes não pareciam estar prestando atenção no discurso de nosso amigo.
- Eu te falei para deixar a nave dele se espatifar sozinha, agora como vamos arrumar uma outra nave neste planeta? – exclamou o Pirata.
- Eu lá vou saber, talvez dê para fazer uma nave dos destroços destas duas! – respondeu Blacky.
- Do que vocês estão falando? – exclamou um Drake um tanto tonto ainda pelo impacto da queda – E afinal, quem são vocês?
- Como assim, nos somos os pi... – iniciou Blacky, mas logo foi interrompido por Pirata
- Somos dois amigos que vimos sua nave caindo e decidimos ajudar! – disse ele com um sorriso no rosto
- Nave? – disse Drake – O que é uma nave?
- Acho que o cérebro dele virou patê nesta queda... – disse Blacky – menos mal, ao menos ele não quer mais nos matar!
Logo estavam chegando próximos ao viajante perdido na terra, que, quando conseguiu distinguir os rostos de nossos três desafortunados, não teve uma reação muito esperada por eles.
- Blacky Awe de Zion, seu miserável! – exclamou ele – Eu vou acabar com a tua raça, seu salafrário de uma figa!
- Ghostface, o que você faz num lugar destes? – perguntou Blacky, logo identificando o quarto elemento.
- Como assim, cara? – exclamou ele – Você me convenceu de assustar os habitantes deste planeta, e, enquanto eu estava lá, pulando feito um idiota com um monte de luzinhas imbecis penduradas, você pegou a porcaria da sua nave e foi embora!
Blacky parecia muito pensativo naquele momento. O Pirata e Drake assistiam aquilo sem entender muito o que estava acontecendo, mas acharam melhor não se meter na discussão.
- Eu lembro de ter tomado umas cervejas com você, então compramos aqueles comprimidos estranhos do carinha verde e depois eu não lembro de muita coisa... – disse Blacky muito confuso.
- Isto não é desculpa que se apresente! – exclamou Ghostface – E quem são este dois com você, são capangas de Zion?
- Meu nome é... – começou Drake – Meu nome... Qual era o meu nome mesmo?
- Bem, o nome dele, pelo que sabemos, é Drake... – começou Blacky, jah sendo interrompido novamente pelo Pirata
- Drake, O pirata espacial! – disse o Pirata – e junto comigo somos os maiores empilhadores de toda a galáxia!
- Pirata espacial... – disse Drake – O nome eu gosto, mas não sei se quero continuar sendo um pirata espacial... Isto não me parece muito certo...
- Bem, de qualquer forma vocês vão me tirar deste planeta! – disse Ghostface – Então entrem no meu galpão antes que apareça algum animal selvagem e ataque vocês.
Os três seguiram Ghostface na direção do galpão, mas pararam alguns metros antes da porta com a imagem do cachorro.
- A propósito, este é o Mussum – disse Ghostface – Eles chamam isto de cachorro, e ele parece gostar muito de mim!

Ghostface fez um sinal para Mussum que logo voltou para seu lugar próximo a fogueira para proteger sua pilha de ossos. Os quatro viajantes, agora presos na terra, sentaram ao redor da fogueira e começaram uma longa conversa sobre como sair daquele lugar.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Episodio 4

Amanhecia mais um dia na área 51 do nada pacato planeta Zion, e, como já era de se esperar de um planeta com clima controlado, a estrela Zion brilhava forte no céu azulado. Blacky, como de costume, precisava viajar para visitar alguns fornecedores de Fireburn pela galáxia. A bordo de sua pequena nave classe Eagle de viagens interplanetárias, abria mais uma cerveja enquanto terminava de revisar o plano de voo.
- Ainda preciso descobrir o que significa o raio desta luzinha vermelha que está piscando desde minha última viagem... – disse ele olhando fixamente para o painel.
Terminado os últimos ajustes, a pequena nave levanta voo rumo a principal rota comercial da galáxia, onde levaria o ex-príncipe zioniano para os quatro cantos da galáxia para convencer os fornecedores que sua cerveja era mais gelada que a do vizinho.
- Quatro crivos de distância e eu não tenho tempo nem para tirar uma soneca... -  disse ele muito entediado, e ligando a pequena Tri-D no painel – Esta novela idiota, não entendo como podem fazer 12 anos que lidera a audiência deste horário...
Na tela, a imagem de um rapaz deitado em uma maca sendo levado as pressas para o setor cirúrgico de um hospital qualquer aparecia um pouco distorcida. Uma moça com longos cabelos negros e cacheados chorava incessantemente enquanto era segurada por outras duas moças, que presumia Blacky, deveriam ser parentes suas. Logo o rapaz já estava sendo operado por uma série de bots cirúrgicos que costuravam seu abdômen que parecia ter sido perfurado por uma lâmina nem um pouco amigável. Em meio a este pequeno momento de distração, e a pouco menos de um crivo e meio da rota comercial, um grande estrondo ecoou pela pequena ponte de comando da nave de Blacky. Algumas luzes começaram a piscar indicando que a nave havia sido pega por algum raio trator sem aviso prévio.
- Mas o que diabos esta acontecendo? – exclamou Blacky
- Nada demais, pequeno zioniano! – disse uma voz que vinha do painel, o qual exibia a imagem de um rapaz vestindo uma capa preta – Eu sou O Pirata, o mais temido de todos os piratas espaciais, e estou pegando sua nave para mim, e consequentemente, lhe raptando, mas não leve pelo lado pessoal, eu queria só a nave mesmo.
- Me raptando? – disse Blacky muito surpreso
- Não sei em qual parte não fui bem claro, meu amigo, mas sim, é isto mesmo que estou fazendo – disse o Pirata.
- Mas você não tem permissão para me raptar! – disse Blacky um tanto indignado – Eu sou...
- Quem você é não me interessa, afinal, quando eu rapto as pessoas, eu não costumo ter permissão para isto! – disse o Pirata – Agora se me dá licença, El Bandidon deve aparecer para terminar o serviço em Juan Gabriel a qualquer instante!
Dito isto, a imagem do pirata desapareceu da tela, e Blacky pode perceber que já havia sido carregado totalmente para a imensa nave pirata. Logo o compartimento de carga havia sido pressurizado e uma dezena de bots, fortemente armados, esperavam pela saída de Blacky de dentro de sua nave. Blacky, por sua vez, muito contrariado, desceu da nave e foi guiado pelos bots até a ponte de comando da nave, onde o Pirata o esperava com um sorriso um tanto misterioso no rosto.
- Você me parece um pouco tenso, zioniano, nunca foi roubado antes? – perguntou o pirata tragando calmamente seu charuto – Mas eu tenho boas notícias para você, eu posso te dar emprego em minha nave, ou você pode descer aqui mesmo, no meio do espaço, o que prefere?
- Bem, levando por este ponto – disse Blacky coçando sua barba que teimava em crescer mais de um lado do que do outro de seu rosto – eu acho que preciso pensar um pouco...
Terminado de dizer isto, um novo estrondo foi ouvido e um forte tremor foi sentido por todos na ponte de comando.
- Fomos atingidos por alguma coisa que não sei lhe informar o que, senhor! – exclamou um dos tripulantes.
- Então trate de revidar logo, seu imbecil! – gritou o pirata muito bravo.
- Eu não faria isto! – disse uma terceira voz que vinha do painel da nave pirata – O próximo disparo será fatal!
- E quem você pensa que é para dar ordens ao grande Pirata? – disse o pirata muito bravo – Ninguém me dá ordens!
- Sou o sargento Drake, do terceiro batalhão de patrulha de Alderaan, e gostaria de te informar que estou levando você e todos seus tripulantes sob custódia para julgamento da acusação de pirataria espacial!
- Então primeiro você precisa me capturar! – disse o Pirata sentando em sua poltrona e assumindo os controles da nave.
Blacky, muito confuso, apenas correu para um canto e se segurou firmemente em um trecho do painel de comando. A grande nave, que viajava parelha da nave Alderaani, em um giro de 90º acionou seus propulsores de forma que o campo de mira da nave Alderaani não pudesse lhe atingir diretamente. Sem perder tempo, a nave de Drake fez o mesmo movimento e começou a manobrar para travar a mira na nave pirata, a qual, percebendo que estava sendo perseguida de perto, começou algumas manobras evasivas, as quais não surtiram o efeito esperado, pois uma série de disparos atingiram em cheio a nave fazendo o cérebro de todos sacudir tão violentamente que seus rins já estavam prestes a dançar tango sob ordens cerebrais.
- Sintam o poder bélico Alderaani, seus ratos! – disse Drake muito feliz por ter acertado a nave inimiga tão efetivamente.
Para a surpresa do sargento, a nave, em um outro giro, acionou novamente seus propulsores e aumentou consideravelmente sua velocidade. A nave Alderaani começou a segui-la, atingindo-a constantemente com disparos quase aleatórios. Em pouco tempo as duas naves dividiam espaço no hiperespaço, seguindo tão juntas que uma simples redução de velocidade da nave pirata faria com que ambas as naves se transformassem em um grande e nada delicioso pastel de ferraria espacial.
- Para onde estamos indo? – exclamou Blacky dentro da ponte de comando da nave pirata.
- Não tenho ideia, cara! – disse o Pirata – Mas sei que aquele rato não vai me pegar assim tão facilmente!
Naquele instante os comandos da nave pirata começaram a pifar sistematicamente, fazendo com que a nave, lentamente começasse a sair do hiperespaço. Devido aos escudos defletores da nave pirata, a nave alderaani havia sofrido uma série de avarias, das quais três ou quatro pareciam bastante preocupantes. Em poucos instantes as naves estava paradas, frente a frente, ameaçadoramente sob a mira uma da outra.
- Você não vai me levar a lugar algum! – exclamou o pirata para o comunicador.
- Você tem razão, pirata! – disse o sargento – No estado que nossas naves se encontram, o melhor que tenho a fazer é destruir sua nave e usar o entulho para consertar a minha!
- Então vamos ver qual escudo aguenta por mais tempo! – exclamou o Pirata.
Sob os constantes protestos de Blacky, o pirata acionou os canhões de fótons de sua nave que começaram a tentar furar o bloqueio adversário. Sem ficar para trás, a nave alderaani disparou uma rajada de qualquer coisa vermelha e muito ameaçadora na direção da nave pirata, que resistia bravamente às investidas do sargento.
Em alguns instantes ambas naves estava sob bombardeio direto da nave inimiga, e ambas estavam a ponto de explodir.
- Precisamos dar o fora daqui! – exclamou Blacky – Se esta droga explodir nós vamos morrer!
- Então vamos pegar sua nave e dar o fora! – disse o Pirata – Você sabe pilotar aquela coisa melhor que eu, então vai me dar uma carona!
Os dois correram até o setor de carga onde a pequena nave eagle repousava calmamente. Ambos entraram na nave que, logo começava a manobrar para fora da grande e destroçada nave pirata.
- Vamos para onde, zioniano? – perguntou o pirata – Tens ideia de onde estamos?
- Aqui parece ser o setor quase deserto conhecido como via-lactea, mas não tenho muita certeza disto! – respondeu Blacky – Vou até este planeta habitado, que parece ser o único desta região, para ver se conseguimos uma nave para você!
Neste momento o sensor de proximidade acusa outra pequena nave se aproximando e atirando incessantemente na direção da pequena nave eagle. Blacky, por sua vez, desviava facilmente por entre as rajadas de tiros.
- Entreguem-se, piratas! – disse o sargento pelo comunicador.
As duas pequenas naves rumavam para o pequeno planeta azulado que, segundo indicações cartográficas, parecia ser habitado. Blacky desviava das investidas do sargento com uma habilidade notória, revidando alguns tiros de vez em quando. Logo as duas naves estavam próximas o bastante da órbita do planeta para ligar os motores atmosféricos. É quando em uma manobra mal sucedida da pequena nave Alderaani, Blacky acerta uma rajada de fótons bem no centro dos propulsores primários. A pequena nave, devido o disparo, rumou em disparada em direção à atmosfera do planeta, seguida de perto pela pequena nave de Blacky. A nave descia em parafuso e, ao que tudo indicava, faria um belo e grandioso buraco ao atingir o solo.
- O que você pensa que está fazendo? – disse o pirata vendo que Blacky tentava alinhar sua nave no trajeto da nave adversária.
- Estou impedindo que este sargento vire geleia enlatada! – respondeu ele.
Logo um poderoso raio trator fez com que ambas as naves colassem uma na outra, e, com grande esforço dos motores atmosféricos da pequena nave zioniana, iniciassem um pouso um pouco mais tranquilo do que o esperado, porém muito mais conturbado do que o desejado.


Episodio 3

Era uma tarde bastante comum para o cargueiro Voxis-4, de Sirius-3, onde seu capitão, como de costume assistia a mais um capítulo de sua novela favorita.
- É hoje que Juan Gabriel vai pedir Rosamaria em casamento! – Exclamou o capitão acariciando suas longas barbas grisalhas – Só espero que aquele maldito do Valdez Sanches não chegue a tempo para atrapalhar tudo!
- Agora que ele fugiu da cadeia precisa fazer jus de sua alcunha de El Bandidon! – disse um funcionário que passava por ali
- Não diga bobagens, criado! Ele já enfiou o sarrafo na pobre da Conchita semana passada! – disse o capitão um tanto irritado – Não vejo o que mais de ruim ele tem por fazer!
Naquele momento uma grande nave negra aparece nos visores da ponte de comando, se aproximando rapidamente com todo o tipo de protuberâncias e outras excentricidades típicas dos piratas espaciais. O alarme começa a soar no cargueiro Voxis-4, alarmando todos para o perigo iminente.
- Justo na hora que o Don Juan chegou à casa da Rosamaria! – exclamou o capitão quando a tela da Tri-D se desligou em virtude do alarme.
O capitão se levantou e foi até a ponte de comando rapidamente, tempo suficiente para conseguir enxergar no painel principal a imagem de um sujeito vestindo roupas pretas e uma barba bastante mal cuidada aparecer na tela.
- Saudações, tripulantes da Voxis-4! – disse ele com um sorriso no rosto – Eu sou O Pirata, um cara bastante malvado, e sei que vocês estão transportando um carregamento bastante generoso e valioso de materiais tecnológicos de Sirius!
- Liguem os motores para darmos o fora daqui! – exclamou o capitão para sua tripulação.
- Vocês podem até tentar sair, mas o raio trator já está segurando sua nave junto à minha, o que apenas faria com que começássemos uma ação conflitante e violenta a qual não estou com vontade que aconteça! – disse o Pirata no telão – Agora sejam bonzinhos e empilhem tudo na baia de descarga número 6 para que meus companheiros possam coletar tudo rapidinho e sem muito esforço.
- E se não quisermos nos render tão facilmente? – indagou o capitão.
- Legal! – exclamou o Pirata – El Bandidon enfiou uma faca na barriga do panaca do Juan Gabriel! – e voltando os olhos para o comunicador – O que você dizia mesmo?
- Você não pode estar falando sério! – disse o capitão muito irritado – Juan Gabriel passou por poucas e boas para pedir a Rosamaria em casamento e o Valdez Sanches não têm o direito de fazer isto com ele!
- El Bandidon é o personagem mais legal desta novela, ele deveria acabar com a vida do Juan Gabriel e dar um trato na Rosamaria, assim como ele fez com a Conchita!
- El Bandidon é um imbecil e merece a morte! – exclamou o capitão
O capitão e o Pirata se encaravam diretamente e a raiva entre eles era visível para todos que os assistiam. Em poucos segundos a Voxis-4 havia se transformado em nada muito maior que pequenos destroços vagando no espaço, e o Pirata, com um sorriso de satisfação no rosto, abria mais uma cerveja para terminar de assistir sua novela.
- Porque você fez isto, capitão? – perguntou um tripulante – Agora vamos ter que viajar por 14 crivos para alcançar o próximo cargueiro!
- Ninguém tem o direito de olhar na minha cara e dizer que El Bandidon é um imbecil! – disse o Pirata acendendo um charuto e se encostando confortavelmente em sua poltrona – Ninguém.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Episodio 2

Era um entardecer úmido e bastante frio naquele planetoide perdido em meio a um setor quase esquecido em um canto obscuro da galáxia. Em meio a multidão que ocupa as ruas naquela pequena capital do estado mais ao sul do Brasil, uma sombra praticamente imperceptível parece se esgueirar por entre o povo, procurando algo que pudesse lhe servir de alguma forma.
- “Relógio digital, celular, carteira com papel colorido dentro...” – pensava ele – Qual a dificuldade deste povo em carregar algum transportador extraorbital em seus bolsos?
E mais um dia parecia estar acabando naquela pequena cidade daquele distante e tão insignificante planeta perdido no meio de lugar nenhum. Aquele estranho visitante que antes desaparecia no meio da multidão, agora apenas descansava seu corpo em um galpão abandonado não muito longe.
- Então, Mussum, hoje temos este negócio estranho e amarelo que chamam de macarrão para o jantar! – disse ele para um pequeno cachorro preto e muito mal cuidado que estava deitado próximo à pequena fogueira no meio do galpão – Prometo que amanhã eu trago algum pedaço de animal morto para comermos, não aguento mais comer este negócio!
Dizendo isto ele atira o macarrão dentro de uma panela com água pendurada logo acima da fogueira.
Era um dia bastante frio naquele lugar, e mesmo um viajante interplanetário precisava de um pouco de fogo para se aquecer. Logo o macarrão estava totalmente consumido pelo sujeito e seu cachorro, que agora dormia enrolado encima da barriga de seu dono. Logo mais um dia começaria para sua missão de dar o fora daquele lugar.
O que ele não sabia, é que o planeta em que estava, conhecido por seus habitantes apenas como “Terra”, ficava perdido no meio de centenas de outras estrelas que, por uma incrível peça do destino, nunca desenvolveram qualquer forma de vida. Esporadicamente algum aventureiro, normalmente movido pelo grande consumo de álcool, aparece para algum habitante da terra, faz alguns barulhos estranhos, pisca algumas luzes, ou mesmo coloca fogo em algum arbusto e se passa por algum ser extraordinário. E com nosso sujeito perdido não foi diferente.
- Pois é, Mussum, e pensar que tudo isto é culpa daquela cerveja maravilhosa... – disse ele tomando um gole de uma cachaça qualquer – E não adianta ficar resmungando que eu não vou mudar de ideia! Aquele garoto disse que o planeta dele era produtor de Fireburns e que o estoque de seu pai nunca terminava. Ele só esqueceu-se de dizer que iria me deixar neste planeta onde paramos para assustar alguns nativos...

O cachorro parecia entender tudo que o rapaz dizia, inclusive emitindo alguns ruídos de tempos em tempos, que por qualquer um que pudesse estar presenciando a cena, poderia jurar que eram respostas para o que lhe era dito. Logo o cachorro e seu dono adormeceram ao lado da fogueira como de costume.