segunda-feira, 22 de julho de 2013

Episodio 4

Amanhecia mais um dia na área 51 do nada pacato planeta Zion, e, como já era de se esperar de um planeta com clima controlado, a estrela Zion brilhava forte no céu azulado. Blacky, como de costume, precisava viajar para visitar alguns fornecedores de Fireburn pela galáxia. A bordo de sua pequena nave classe Eagle de viagens interplanetárias, abria mais uma cerveja enquanto terminava de revisar o plano de voo.
- Ainda preciso descobrir o que significa o raio desta luzinha vermelha que está piscando desde minha última viagem... – disse ele olhando fixamente para o painel.
Terminado os últimos ajustes, a pequena nave levanta voo rumo a principal rota comercial da galáxia, onde levaria o ex-príncipe zioniano para os quatro cantos da galáxia para convencer os fornecedores que sua cerveja era mais gelada que a do vizinho.
- Quatro crivos de distância e eu não tenho tempo nem para tirar uma soneca... -  disse ele muito entediado, e ligando a pequena Tri-D no painel – Esta novela idiota, não entendo como podem fazer 12 anos que lidera a audiência deste horário...
Na tela, a imagem de um rapaz deitado em uma maca sendo levado as pressas para o setor cirúrgico de um hospital qualquer aparecia um pouco distorcida. Uma moça com longos cabelos negros e cacheados chorava incessantemente enquanto era segurada por outras duas moças, que presumia Blacky, deveriam ser parentes suas. Logo o rapaz já estava sendo operado por uma série de bots cirúrgicos que costuravam seu abdômen que parecia ter sido perfurado por uma lâmina nem um pouco amigável. Em meio a este pequeno momento de distração, e a pouco menos de um crivo e meio da rota comercial, um grande estrondo ecoou pela pequena ponte de comando da nave de Blacky. Algumas luzes começaram a piscar indicando que a nave havia sido pega por algum raio trator sem aviso prévio.
- Mas o que diabos esta acontecendo? – exclamou Blacky
- Nada demais, pequeno zioniano! – disse uma voz que vinha do painel, o qual exibia a imagem de um rapaz vestindo uma capa preta – Eu sou O Pirata, o mais temido de todos os piratas espaciais, e estou pegando sua nave para mim, e consequentemente, lhe raptando, mas não leve pelo lado pessoal, eu queria só a nave mesmo.
- Me raptando? – disse Blacky muito surpreso
- Não sei em qual parte não fui bem claro, meu amigo, mas sim, é isto mesmo que estou fazendo – disse o Pirata.
- Mas você não tem permissão para me raptar! – disse Blacky um tanto indignado – Eu sou...
- Quem você é não me interessa, afinal, quando eu rapto as pessoas, eu não costumo ter permissão para isto! – disse o Pirata – Agora se me dá licença, El Bandidon deve aparecer para terminar o serviço em Juan Gabriel a qualquer instante!
Dito isto, a imagem do pirata desapareceu da tela, e Blacky pode perceber que já havia sido carregado totalmente para a imensa nave pirata. Logo o compartimento de carga havia sido pressurizado e uma dezena de bots, fortemente armados, esperavam pela saída de Blacky de dentro de sua nave. Blacky, por sua vez, muito contrariado, desceu da nave e foi guiado pelos bots até a ponte de comando da nave, onde o Pirata o esperava com um sorriso um tanto misterioso no rosto.
- Você me parece um pouco tenso, zioniano, nunca foi roubado antes? – perguntou o pirata tragando calmamente seu charuto – Mas eu tenho boas notícias para você, eu posso te dar emprego em minha nave, ou você pode descer aqui mesmo, no meio do espaço, o que prefere?
- Bem, levando por este ponto – disse Blacky coçando sua barba que teimava em crescer mais de um lado do que do outro de seu rosto – eu acho que preciso pensar um pouco...
Terminado de dizer isto, um novo estrondo foi ouvido e um forte tremor foi sentido por todos na ponte de comando.
- Fomos atingidos por alguma coisa que não sei lhe informar o que, senhor! – exclamou um dos tripulantes.
- Então trate de revidar logo, seu imbecil! – gritou o pirata muito bravo.
- Eu não faria isto! – disse uma terceira voz que vinha do painel da nave pirata – O próximo disparo será fatal!
- E quem você pensa que é para dar ordens ao grande Pirata? – disse o pirata muito bravo – Ninguém me dá ordens!
- Sou o sargento Drake, do terceiro batalhão de patrulha de Alderaan, e gostaria de te informar que estou levando você e todos seus tripulantes sob custódia para julgamento da acusação de pirataria espacial!
- Então primeiro você precisa me capturar! – disse o Pirata sentando em sua poltrona e assumindo os controles da nave.
Blacky, muito confuso, apenas correu para um canto e se segurou firmemente em um trecho do painel de comando. A grande nave, que viajava parelha da nave Alderaani, em um giro de 90º acionou seus propulsores de forma que o campo de mira da nave Alderaani não pudesse lhe atingir diretamente. Sem perder tempo, a nave de Drake fez o mesmo movimento e começou a manobrar para travar a mira na nave pirata, a qual, percebendo que estava sendo perseguida de perto, começou algumas manobras evasivas, as quais não surtiram o efeito esperado, pois uma série de disparos atingiram em cheio a nave fazendo o cérebro de todos sacudir tão violentamente que seus rins já estavam prestes a dançar tango sob ordens cerebrais.
- Sintam o poder bélico Alderaani, seus ratos! – disse Drake muito feliz por ter acertado a nave inimiga tão efetivamente.
Para a surpresa do sargento, a nave, em um outro giro, acionou novamente seus propulsores e aumentou consideravelmente sua velocidade. A nave Alderaani começou a segui-la, atingindo-a constantemente com disparos quase aleatórios. Em pouco tempo as duas naves dividiam espaço no hiperespaço, seguindo tão juntas que uma simples redução de velocidade da nave pirata faria com que ambas as naves se transformassem em um grande e nada delicioso pastel de ferraria espacial.
- Para onde estamos indo? – exclamou Blacky dentro da ponte de comando da nave pirata.
- Não tenho ideia, cara! – disse o Pirata – Mas sei que aquele rato não vai me pegar assim tão facilmente!
Naquele instante os comandos da nave pirata começaram a pifar sistematicamente, fazendo com que a nave, lentamente começasse a sair do hiperespaço. Devido aos escudos defletores da nave pirata, a nave alderaani havia sofrido uma série de avarias, das quais três ou quatro pareciam bastante preocupantes. Em poucos instantes as naves estava paradas, frente a frente, ameaçadoramente sob a mira uma da outra.
- Você não vai me levar a lugar algum! – exclamou o pirata para o comunicador.
- Você tem razão, pirata! – disse o sargento – No estado que nossas naves se encontram, o melhor que tenho a fazer é destruir sua nave e usar o entulho para consertar a minha!
- Então vamos ver qual escudo aguenta por mais tempo! – exclamou o Pirata.
Sob os constantes protestos de Blacky, o pirata acionou os canhões de fótons de sua nave que começaram a tentar furar o bloqueio adversário. Sem ficar para trás, a nave alderaani disparou uma rajada de qualquer coisa vermelha e muito ameaçadora na direção da nave pirata, que resistia bravamente às investidas do sargento.
Em alguns instantes ambas naves estava sob bombardeio direto da nave inimiga, e ambas estavam a ponto de explodir.
- Precisamos dar o fora daqui! – exclamou Blacky – Se esta droga explodir nós vamos morrer!
- Então vamos pegar sua nave e dar o fora! – disse o Pirata – Você sabe pilotar aquela coisa melhor que eu, então vai me dar uma carona!
Os dois correram até o setor de carga onde a pequena nave eagle repousava calmamente. Ambos entraram na nave que, logo começava a manobrar para fora da grande e destroçada nave pirata.
- Vamos para onde, zioniano? – perguntou o pirata – Tens ideia de onde estamos?
- Aqui parece ser o setor quase deserto conhecido como via-lactea, mas não tenho muita certeza disto! – respondeu Blacky – Vou até este planeta habitado, que parece ser o único desta região, para ver se conseguimos uma nave para você!
Neste momento o sensor de proximidade acusa outra pequena nave se aproximando e atirando incessantemente na direção da pequena nave eagle. Blacky, por sua vez, desviava facilmente por entre as rajadas de tiros.
- Entreguem-se, piratas! – disse o sargento pelo comunicador.
As duas pequenas naves rumavam para o pequeno planeta azulado que, segundo indicações cartográficas, parecia ser habitado. Blacky desviava das investidas do sargento com uma habilidade notória, revidando alguns tiros de vez em quando. Logo as duas naves estavam próximas o bastante da órbita do planeta para ligar os motores atmosféricos. É quando em uma manobra mal sucedida da pequena nave Alderaani, Blacky acerta uma rajada de fótons bem no centro dos propulsores primários. A pequena nave, devido o disparo, rumou em disparada em direção à atmosfera do planeta, seguida de perto pela pequena nave de Blacky. A nave descia em parafuso e, ao que tudo indicava, faria um belo e grandioso buraco ao atingir o solo.
- O que você pensa que está fazendo? – disse o pirata vendo que Blacky tentava alinhar sua nave no trajeto da nave adversária.
- Estou impedindo que este sargento vire geleia enlatada! – respondeu ele.
Logo um poderoso raio trator fez com que ambas as naves colassem uma na outra, e, com grande esforço dos motores atmosféricos da pequena nave zioniana, iniciassem um pouso um pouco mais tranquilo do que o esperado, porém muito mais conturbado do que o desejado.


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