Nosso aventureiro perdido na terra parecia muito feliz nesta
fria noite de inverno. Ao seu lado, Mussum parecia muito satisfeito roendo um
generoso osso de algum animal voador de porte pequeno. O espaço ao redor dos
dois estava repleto de pequenos ossos, mas ambos não pareciam se importar muito
com isto.
- Engraçado como os habitantes deste lugar cultivam este
animal, Mussum! – disse ele, levantando a cabeça para conversar com seu
cachorro – Eles alimentam este bicho durante todo o dia, em praças e locais
assim, atirando comida no chão. Só não entendo porque ficaram bravos quando
aproveitei para capturar estes aqui!
O cachorro olhava fixamente para seu dono, com uma expressão
de que acompanhava cada palavra do que lhe era dito. Qualquer um que estivesse
assistindo naquele momento juraria que a reação do cachorro foi totalmente
racional com a conversa, reação esta compartilhada por nosso aventureiro quando
o cachorro soltou um grunhido em sua direção.
- Eu não havia pensado nisto, Mussum... – disse ele coçando
a cabeça – Vai ver era a janta deles mesmo...
Neste momento um enorme estrondo fez com que tanto Mussum
quanto seu dono dessem um salto de seus lugares. Uma luz bastante estranha
parecia estar se perdendo na janela ao fundo do pequeno galpão. O cachorro
estava agora em pé com as orelhas voltadas na direção da porta, pronto para
atacar qualquer coisa que ultrapassasse o limite de seu território.
- Vamos ver o que está acontecendo, Mussum! – disse ele
correndo na direção da porta.
Chegando na rua, pode ver, a cerca de 10 metros do galpão,
duas naves espatifadas dentro de um enorme buraco. As naves ainda pegavam fogo
quando o viajante percebeu a imagem de três criaturas saindo das naves. Muito
apreensivo – e já contando com uma provável carona – ele começa a se aproximar
lentamente das naves. Reação esta nem um pouco aprovada por seu cachorro, que
permanecia junto à porta, muito apreensivo.
- Olá, viajantes! – disse ele – O que traz vocês à este buraco
de planeta?
Os três viajantes não pareciam estar prestando atenção no
discurso de nosso amigo.
- Eu te falei para deixar a nave dele se espatifar sozinha,
agora como vamos arrumar uma outra nave neste planeta? – exclamou o Pirata.
- Eu lá vou saber, talvez dê para fazer uma nave dos
destroços destas duas! – respondeu Blacky.
- Do que vocês estão falando? – exclamou um Drake um tanto
tonto ainda pelo impacto da queda – E afinal, quem são vocês?
- Como assim, nos somos os pi... – iniciou Blacky, mas logo
foi interrompido por Pirata
- Somos dois amigos que vimos sua nave caindo e decidimos
ajudar! – disse ele com um sorriso no rosto
- Nave? – disse Drake – O que é uma nave?
- Acho que o cérebro dele virou patê nesta queda... – disse Blacky
– menos mal, ao menos ele não quer mais nos matar!
Logo estavam chegando próximos ao viajante perdido na terra,
que, quando conseguiu distinguir os rostos de nossos três desafortunados, não
teve uma reação muito esperada por eles.
- Blacky Awe de Zion, seu miserável! – exclamou ele – Eu vou
acabar com a tua raça, seu salafrário de uma figa!
- Ghostface, o que você faz num lugar destes? – perguntou Blacky,
logo identificando o quarto elemento.
- Como assim, cara? – exclamou ele – Você me convenceu de
assustar os habitantes deste planeta, e, enquanto eu estava lá, pulando feito
um idiota com um monte de luzinhas imbecis penduradas, você pegou a porcaria da
sua nave e foi embora!
Blacky parecia muito pensativo naquele momento. O Pirata e
Drake assistiam aquilo sem entender muito o que estava acontecendo, mas acharam
melhor não se meter na discussão.
- Eu lembro de ter tomado umas cervejas com você, então
compramos aqueles comprimidos estranhos do carinha verde e depois eu não lembro
de muita coisa... – disse Blacky muito confuso.
- Isto não é desculpa que se apresente! – exclamou Ghostface
– E quem são este dois com você, são capangas de Zion?
- Meu nome é... – começou Drake – Meu nome... Qual era o meu
nome mesmo?
- Bem, o nome dele, pelo que sabemos, é Drake... – começou Blacky,
jah sendo interrompido novamente pelo Pirata
- Drake, O pirata espacial! – disse o Pirata – e junto
comigo somos os maiores empilhadores de toda a galáxia!
- Pirata espacial... – disse Drake – O nome eu gosto, mas
não sei se quero continuar sendo um pirata espacial... Isto não me parece muito
certo...
- Bem, de qualquer forma vocês vão me tirar deste planeta! –
disse Ghostface – Então entrem no meu galpão antes que apareça algum animal
selvagem e ataque vocês.
Os três seguiram Ghostface na direção do galpão, mas pararam
alguns metros antes da porta com a imagem do cachorro.
- A propósito, este é o Mussum – disse Ghostface – Eles chamam
isto de cachorro, e ele parece gostar muito de mim!
Ghostface fez um sinal para Mussum que logo voltou para seu
lugar próximo a fogueira para proteger sua pilha de ossos. Os quatro viajantes,
agora presos na terra, sentaram ao redor da fogueira e começaram uma longa
conversa sobre como sair daquele lugar.
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