Era um entardecer úmido e bastante frio naquele planetoide
perdido em meio a um setor quase esquecido em um canto obscuro da galáxia. Em
meio a multidão que ocupa as ruas naquela pequena capital do estado mais ao sul
do Brasil, uma sombra praticamente imperceptível parece se esgueirar por entre
o povo, procurando algo que pudesse lhe servir de alguma forma.
- “Relógio digital, celular, carteira com papel colorido
dentro...” – pensava ele – Qual a dificuldade deste povo em carregar algum
transportador extraorbital em seus bolsos?
E mais um dia parecia estar acabando naquela pequena cidade
daquele distante e tão insignificante planeta perdido no meio de lugar nenhum.
Aquele estranho visitante que antes desaparecia no meio da multidão, agora
apenas descansava seu corpo em um galpão abandonado não muito longe.
- Então, Mussum, hoje temos este negócio estranho e amarelo
que chamam de macarrão para o jantar! – disse ele para um pequeno cachorro
preto e muito mal cuidado que estava deitado próximo à pequena fogueira no meio
do galpão – Prometo que amanhã eu trago algum pedaço de animal morto para
comermos, não aguento mais comer este negócio!
Dizendo isto ele atira o macarrão dentro de uma panela com
água pendurada logo acima da fogueira.
Era um dia bastante frio naquele lugar, e mesmo um viajante
interplanetário precisava de um pouco de fogo para se aquecer. Logo o macarrão
estava totalmente consumido pelo sujeito e seu cachorro, que agora dormia
enrolado encima da barriga de seu dono. Logo mais um dia começaria para sua
missão de dar o fora daquele lugar.
O que ele não sabia, é que o planeta em que estava,
conhecido por seus habitantes apenas como “Terra”, ficava perdido no meio de
centenas de outras estrelas que, por uma incrível peça do destino, nunca
desenvolveram qualquer forma de vida. Esporadicamente algum aventureiro,
normalmente movido pelo grande consumo de álcool, aparece para algum habitante
da terra, faz alguns barulhos estranhos, pisca algumas luzes, ou mesmo coloca
fogo em algum arbusto e se passa por algum ser extraordinário. E com nosso
sujeito perdido não foi diferente.
- Pois é, Mussum, e pensar que tudo isto é culpa daquela
cerveja maravilhosa... – disse ele tomando um gole de uma cachaça qualquer – E
não adianta ficar resmungando que eu não vou mudar de ideia! Aquele garoto
disse que o planeta dele era produtor de Fireburns e que o estoque de seu pai nunca
terminava. Ele só esqueceu-se de dizer que iria me deixar neste planeta onde
paramos para assustar alguns nativos...
O cachorro parecia entender tudo que o rapaz dizia,
inclusive emitindo alguns ruídos de tempos em tempos, que por qualquer um que
pudesse estar presenciando a cena, poderia jurar que eram respostas para o que
lhe era dito. Logo o cachorro e seu dono adormeceram ao lado da fogueira como
de costume.
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