domingo, 10 de agosto de 2014

Capítulo 2 - Episódio 1

Uma fina chuva caía nesta fria noite de inverno, e as pessoas já começavam a trancar suas portas e preparar-se para adentrar no mundo dos sonhos. Pelas ruas não muito mais que alguns animais tentavam se proteger da água gelada que caía do céu. Ao longe uma sombra brincava indo para frente e para trás de um jovem rapaz enquanto ele passava entre os postes de luz. Em sua mão direita uma pequena garrafa servia de palco para a dança, não muito sincronizada, de um líquido semitransparente, o qual era levado a boca de tempos em tempos pelo rapaz. Alguns veículos passavam naquela rua deserta, sem dar muita importância para a sinalização de trânsito, ou mesmo para as poças de água que se formavam próximas à calçada – o que parecia estar incomodando um bocado o rapaz quando a água respingava seu nada seco sobretudo preto.
Segundo consta no livro “As verdades incontestáveis do Universo” de Jeremiah Gostlorbisht - autor de clássicos da literatura de Andrômeda 7: “Coisas que você não deveria fazer em dias de chuva”, “Como se recuperar após fazer coisas que não se deve em dias de chuva” e “As melhores vestimentas para funerais em dias de chuva” – nada nesta vida acontece por acaso. Não muito distante do planetoide onde nossos heróis parecem um tanto perdidos, duas naves classe Jumbo parecem competir pelo título de “melhor arremesso de torpedo de fótons da galáxia”. De um lado uma grandiosa K733 da tropa de Sirius parece uma bailarina bêbada saltitando no meio do palco, enquanto do outro lado, uma Falcon 8 da tropa de Alderaan atira um torpedo de fótons atrás do outro.
- Devolvam o artefato! – berrou o comandante Alderaaniano no intercomunicador – Ele é perigoso demais para ficar na mão de gente como vocês!
Sem resposta.
- Estou avisando, nós temos munição para ficar aqui por semanas! – disse o comandante quase espumando pela boca.
A nave de Sirius parecia se divertir agilmente por entre as rajadas da investida inimiga. Em um movimento ousado, a nave Aderaaniana tentou uma aproximação para tentar travar a mira de seus canhões, o que abriu uma pequena brecha em sua defesa, o que a nave de Sirius não só percebeu, como não deixou escapar a chance para contra-atacar.
Uma rajada verde-azulada cortou o espaço, transformando em pó tudo que via pela sua frente, até atingir a lateral da nave de Alderaan com uma força tão grande que a mesma precisou de toda a potência de seus motores para não ficar girando eternamente no mesmo lugar. Não satisfeita com um pequeno rombo de cerca de 50 metros no casco da nave inimiga, em um giro perfeito sobre o próprio eixo, a nave Falcon lançou sua própria investida de torpedos contra a K733. A batalha parecia ter sido decidida naquele momento, porém antes que a Falcon pudesse ter qualquer reação, uma rajada incrivelmente grande de qualquer coisa que um habitante de Sirius algum dia já viu atingiu em cheio a nave Falcon. Em menos de cinco segundos não havia mais do que algumas partículas de poeira cósmica onde antes estava a nave de Sirius. Na nave Alderaaniana o comandante comemorava com uma modesta garrafa de cerveja:
- Se nós não podemos ter o artefato ninguém mais poderá! – disse ele tomando um generoso gole de uma cerveja azul – Nada sobrevive ao disparo de “propaganda”!
Nos primórdios da galáxia, quando poucas eram as nações que possuíam tecnologia suficiente para viajar pelo espaço, um povo dotado de grandes poderes dominava o universo. Eram conhecidos apenas como os Luah, sempre referenciado como os enviados de deus. Seu poder era feito da mais pura e brilhante luz e muitos atribuem à estas criaturas a existência das estrelas como obra de sua grandeza. Bastante preocupados com o equilíbrio de poder no universo, estas criaturas decidiram guardar parte desta sua luz em um artefato e escondê-lo para que jamais alguém pudesse ter acesso à tamanho poder. Então foi criado o cristal conhecido por Alma do Universo, um pingente em forma de cristal de luz, o qual foi enviado ao mais longínquo canto do Universo para que ficasse a salvo de pessoas com intenções das mais diversas.
Com o tempo isto se tornou apenas uma lenda, e estas criaturas nunca mais foram vistas, se tornando assim apenas uma historia contada para as crianças na hora de dormir. O artefato nunca mais foi visto, até que à cerca de 300 mil anos, uma criatura dotada da mais profunda escuridão o encontrou e o utilizou para criar uma estrela, a qual foi nomeada de “Zion”.


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